Boato – Após licitação, TSE forneceu acesso aos códigos das urnas eletrônicas do Brasil à empresa Smartmatic, da Venezuela.
Assim fica difícil. Ontem, trouxemos a informação de que a empresa venezuelana Smartmatic teria vencido uma licitação e estaria no comando das apurações de voto nas eleições 2018 no Brasil. Tão logo desmentimos a notícia, outra “bomba” começou a circular nas redes sociais.
Dessa vez, a notícia que pegou todos os brasileiros de surpresa foi a de que a mesma licitação que colocou a Smartmatic no comando das apurações também teria fornecidos os códigos das urnas eletrônicas brasileiras à Venezuela.
E tem mais. Segundo as informações que estão circulando por aí (publicada em um blog “daqueles”), com os códigos em mãos, a Venezuela poderia gerar votos falsos, capazes de passarem como verdadeiros durante uma auditoria. Além disso, o TSE teria negado os mesmos códigos a professores brasileiros. Confira:
TSE entregou códigos de segurança das urnas eletrônicas para venezuelanos e negou acesso para auditores brasileiros Os fatos são que, através do edital de licitação 106/2017, o TSE quase entregou os códigos das urnas eletrônicas – inclusive os criptográficos (responsáveis por garantir a identidade e a segurança do processo) -, para uma empresa estrangeira tutelada por três venezuelanos e um português sem qualquer obrigação de cumprir os termos de sigilo, por não estarem submissos à legislação brasileira.
TSE entregou códigos das urnas eletrônicas para a Venezuela?
O assunto “urnas eletrônicas e segurança” já causou bastante discussão e, com essa nova notícia, muita gente está intrigada com o futuro das eleições no país. Mas será que uma licitação teria permitido que o TSE entregasse os códigos-fonte das urnas eletrônicas brasileiras para a Venezuela? A resposta é não! E se você quiser mais detalhes, então continua lendo.
Uma detalhe simples explica tudo. O argumento utilizado na “notícia” de hoje é o mesmo usado na informação dada ontem: a licitação. Pois bem, vamos recapitular: em 2015, o Congresso Nacional aprovou um projeto que previa a impressão dos votos nas eleições. Entretanto, apenas 5% das urnas deveriam receber essa função nas eleições 2018 e o trabalho consistia apenas no fornecimento de módulos de impressão dos votos. Nada de códigos.
Com o projeto aprovado, uma licitação se faria necessária. É é aí que a Smartmatic (empresa venezuelana) entrou na jogada. A empresa se candidatou para executar o serviço (e foi aprovada na primeira fase). Porém, na fase de testes, a Smartmatic foi reprovada pelo modelo de engenharia do sistema não atender às exigências do edital.
Em nota, o TSE garantiu que, em nenhum momento, qualquer empresa (seja brasileira ou estrangeira, pública ou privada) ganhou os códigos-fonte das urnas, muito menos os criptográficos, responsáveis pela segurança do processo.
Por fim, vale ressaltar que o site que publicou a informação já é um velho conhecido disseminador de fake news. Depois que a informação foi desmentida por alguns sites de fact-checking, o site “se corrigiu” e modificou o título para: “quase entregou”.
Em resumo: a notícia que diz que o TSE entregou os códigos-fonte das urnas eletrônicas brasileiras para a Venezuela é falsa. A tal licitação na qual se baseia toda a notícia foi cancelada, nenhuma empresa venezuelana passou na fase de testes e a fonte não é das mais confiáveis. Sendo assim, não compartilhe!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.